Lagoa de Cufada

Parque Natural das Lagoas de Cufada, conhecido entre nós (os da terra), apenas de Cufada. Fomos lá, de tanto ouvir falar daquela lagoa imensa, deslumbrante, de fazer qualquer um parar para ouvir o silêncio…fomos lá sentir tudo isso.

Para nós era a primeira vez no sul do país, região de Quinara, já não era sem tempo…sabemos disso! Voltando a nossa descoberta das Lagoas de Cufada, era preciso um carro, quando digo carro falo de um todo o terreno, (4x4, com duas caixas de mudança, depois explico porquê). O plano foi fazer os dois parques naturais em dois dias, primeiro Cufada e depois Cantanhez…mas Cantanhez vai ficar para outro post…promessa minha.

6h00 da manhã partimos de Bissau, sim, conseguimos sair a hora marcada. Para ir a Cufada alugamos um carro, inclui motorista, motorista esse que foi pontualíssimo e responsável por nos fazer chegar ao nosso destin, fazer aqui um ponto de situação, sempre que falar em nós estou a falar de uma local…eu (Maria) e duas turistas pela primeira vez na nossa Guiné-Bissau. A nossa viajem durou três horas e meia até a sede do Parque Natural das Lagoas de Cufada. Buba, a cidade onde fica a sede do parque natural, é uma cidade que tem o privilégio de ter o Rio Grande de Buba como cartão de visita…fiquei com vontade de voltar e ficar alguns dias para puder desfrutar da beleza daquele rio…ficou na lista.

Chegamos a Buba, pelo caminho vimos o nascer do Sol, passamos por inúmeras “bolanhas” (arrozais)…muitas delas já em fase de colheita, foi bom perceber que estamos a aproveitar as potencialidades da nossa terra…ouvimos a banda sonora dos rápidos de Saltinho, aqueles do Rio Corubal, junto a ponte. A sede do Parque Natural das Lagoas de Cufada fica mesmo junto ao Rio Grande de Buba, o caminho é fácil, chegando a Buba é seguir até ao fim de estrada (a estrada acaba junto ao rio), vire à esquerda e vai encontrar a placa do parque. Paramos o carro mesmo em frente a Rio Grande de Buba, tentamos resistir a vista deslumbrante do rio, mas não foi possível. Entramos na sede, estavam a nossa espera, o diretor do parque fez questão de nos explicar o objectivo do parque e a importância da sua conservação. O parque foi criado no ano 2000 pelo IBAP com o principal objectivo de conservar e proteger espécies ameaçadas nessa zona, está classificado como zona húmida de importância internacional.   

Depois de cumprirmos com as obrigações necessárias, ir ao banco da cidade de pagar a taxa de entrada e utilização do parque, seguimos caminho, de carro, para a Lagoa de Cufada,…visitamos apenas Cufada, o parque natural é constituído por três lagoas, Cufada, Biorna, Bedasse,… Cufada sendo a maior das três. Durante a conversa com o diretor do parque ele apresentou-nos o nosso guia, um jovem local que desde de muito novo aprendeu qual a importância da conservação do parque. Pagamos o parque, entregamos o comprovativo ao nosso guia e seguimos viagem em direção a Lagoa de Cufada.

A distância entre a cidade de Buba e da tabanka (aldeia) mais próxima de Cufada são aproximadamente 60 minutos, seria menos, mas tivemos um pequeno percalço a meio caminho. Já tínhamos feito alguma estrada depois do Buba, a estrada para Cufada é em terra batida, por isso, por poucos quilometros que pareçam são sempre demorados em terra batida, mas como que as chuvas tinham parado há 2 meses, tudo garantia que a estrada estaria em condições razoáveis. A meio caminho tivemos de fazer uma paragem… melhor fomos obrigados a fazer uma paragem… havia uma carrinha atolada no meio da estrada, no que parecia ser uma ribeira a passar no meio da estrada. A carrinha lá estava, atolada, a primeira coisa que pensei foi, pronto, lá se foi a lagoa e o passeio de kayak…, mas o nosso guia, o Seidi, saiu do carro e foi tentar perceber qual era a profundidade daquele riacho. Tirou os sapatos, arregaçou as calças até ao joelho, meteu-se lá pelo meio. De longe, deu para perceber que a água passava os joelhos. O motorista, Djassi, também saiu do carro, estiveram os dois a falar uns 5 minutos (ou mais), depois voltaram para o carro, perguntei ao Djassi, “vamos conseguir?”, ele respondeu que sim, disse que bastava colocar o reforço. O Djassi arrancou o carro em direção ao vale de água, senti um frio na barriga, conseguimos sentir as rodas a passarem pela uma zona mais profunda, ele lá colocou reforço e conseguimos passar. Foi um alívio, grande motorista! Sim, vamos mesmo chegar a Cufada.

Seguimos caminho, já não posso dizer que era de terra batida… era um caminho entre as árvores, no meio da floresta imensa. Continuamos até que o guia disse para parar, paramos numa tabanca, para ir buscar as canoas de kayak e os remadores. Enquanto esperávamos o guia, o Djassi (motorista), apareceu com três bentanas fumadas (tilápia fumada), deu um peixe a cada uma…confesso, a fome já se fazia sentir, soube maravilhosamente bem. Já me tinham falado da bentana fumada de Cufada…não, não é pela fome, era mesmo deliciosa. Canoas recolhidas, foram mais 10 minutos de carro até ao início da Lagoa de Cufada.

Saímos do carro, caminhamos pelo pequeno caminho de madeira que dá acesso a lagoa, embarcamos nas canoas e começamos o nosso passeio na Lagoa do Cufada…Podia acabar aqui este post, dizendo apenas, têm de lá ir, para ouvirem aquele silêncio e conhecerem a lenda por detrás do surgimento da Lagoa de Cufada…, mas não resisto em partilhar o privilégio que tive em conhecer parte do Parque Nacional de das Lagoas de Cufada.

O vídeo mostra tudo, melhor quase tudo, para saber tudo vão ter de ir lá confirmar. Antes do vídeo tem informações importantes sobre como preparar a sua visita.

Importante saber:

  • Preço entrada no parque: 2000 xof (3 euros)
  • Aluguer de carro com motorista: 75.000 xof (115 euros)
  • Taxa de observação: 6000xof (9euros)
  • Pagamento ao guia: 7,500xof (11 euros, paga-se directamente ao guia)
  • Pagamento aos remadores (cada): 5000xof (7,5 euros)
  • Aluguer de canoas (cada): 5000xof (7,5 euros)

*Os preços podem sofrer alterações.